Alterações de personalidade devido ao consumo de Cannabis: efeitos e prevenção

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É um processo silencioso, quase impercetível. Há alguém que conheces há muito tempo – um amigo, uma irmã, talvez tu próprio. E, de repente, reparas: a energia desapareceu. Os interesses mudaram. O estado de espírito está mais em baixo, ou então tudo simplesmente... deixa de importar. E depois surge o pensamento: Isto pode ser do consumo de Cannabis?
Mudança de personalidade devido ao consumo de Cannabis – à primeira vista, parece um título sensacionalista de jornal. Demasiado dramático. Demasiado preto no branco. Mas, na verdade, quem consome durante muito tempo, de forma regular ou em grandes quantidades, muitas vezes percebe que algo está a mudar. Não de um dia para o outro, mas ao longo de meses ou anos. E é aí que a situação se torna interessante – e séria.
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Entre relaxar e perder o controlo: onde acaba o “normal”?
Para muitos, consumir faz parte do dia a dia. Depois do trabalho, um charro, ao fim de semana com amigos, para descontrair, dormir, aliviar dores ou simplesmente por tédio. E sim – Cannabis pode relaxar, acalmar, ajudar a limpar a cabeça.
Mas, quando o consumo deixa de ser pontual e passa a ser constante, não é só o estado de espírito que muda – muitas vezes, a própria pessoa também se transforma. De forma lenta, discreta. E é isso que torna tudo tão traiçoeiro.
Mudanças típicas que muitas pessoas (ou quem está à volta) notam:
- Falta de motivação – os projetos deixam de avançar, as decisões são adiadas
- Isolamento social – os contactos diminuem, as relações tornam-se superficiais ou complicadas
- Perda de interesses – antigos passatempos, desporto ou criatividade desaparecem
- Distorção emocional – as emoções ficam mais apagadas, as reações mais indiferentes
- Mais pensamentos obsessivos – pensar demasiado sem encontrar soluções, muitas vezes acompanhado de problemas de sono
Isto não é uma lista obrigatória. Nem toda a gente que consome muda desta forma. Mas quem consome muito e com frequência, durante meses ou anos, corre o risco de que estas dinâmicas se instalem – e isso pode, com o tempo, afetar toda a personalidade.
Como se reconhece uma verdadeira mudança de personalidade?
A questão é: Quando é que um padrão de consumo se torna um problema? Quando é que deixa de ser “só um pouco pedrado” e passa a ser realmente uma alteração da personalidade?
Aqui ficam algumas reflexões – de conversas com pessoas afetadas, amigos, observações:
- O sentido de humor muda. Antes era alto, espontâneo, envolvente – agora é mais arrastado, sarcástico, lento.
- Os pensamentos andam em círculos. Fala-se muito sobre os mesmos temas, mas permanece-se passivo. Muita teoria, pouca prática.
- As emoções tornam-se mais planas. Já não se fica verdadeiramente zangado, nem verdadeiramente triste – mas também não se sente realmente feliz.
- O convívio com os outros torna-se mais distante. Já não se contacta, já não se tem “realmente vontade” de nada.
O que acontece aqui não é uma perturbação de personalidade repentina – mas sim um deslocamento. Como uma deriva silenciosa e constante. E quem não percebe ou não leva isto a sério pode acabar por se perder aos poucos.

O que diz a investigação?
Mesmo que muitos estudos sobre Cannabis sejam menos alarmistas – há um ponto em que a maioria concorda: O consumo prolongado e intenso pode afetar a saúde mental, especialmente em jovens cujo cérebro ainda está em desenvolvimento.
Algumas conclusões:
- O consumo contínuo de THC pode afetar a regulação da dopamina – precisamente a substância responsável pela motivação, iniciativa e prazer de viver.
- Há indícios de que o consumo regular de Cannabis prejudica a memória de trabalho, a atenção e a capacidade de decisão.
- Em algumas pessoas com predisposição genética, a Cannabis pode desencadear episódios psicóticos ou pensamentos paranoides.
No entanto: Nem toda a gente muda da mesma forma, e nem toda a mudança é permanente. Depende de:
- Quantidade e frequência do consumo
- Idade de início do consumo
- Predisposição pessoal (depressão, PHDA, traumas)
- Ambiente de vida, fatores de stress, integração social
Quando o consumo se torna uma barreira
O que muitos não percebem: a Cannabis é silenciosa. Não provoca ressaca, não há quedas óbvias, nem abstinências dramáticas. E é precisamente isso que a torna tão difícil.
Não atua como um martelo – mas sim como um cobertor. Um cobertor que se vai espalhando lentamente por tudo. Pela energia, pela curiosidade, pela vitalidade. E, a certa altura, já não se percebe onde se começa – e onde acaba a erva.
Em conversas, algumas pessoas contam:
“Já não me reconhecia. Estava presente – mas de certa forma já não era bem eu. Sentia-me vazio, irritado, indiferente, perdido nos meus próprios pensamentos.”
É aqui que deves prestar atenção. Não julgues. Não exageres. Mas olha com honestidade.
O que fazer se te reconheces (ou reconheces alguém)?
Primeira pergunta: Quanto espaço ocupa o consumo de cannabis no teu dia a dia? Ainda é um prazer – ou já se tornou rotina? Precisas disso para dormir, comer, sentir?
Segunda pergunta: Como me sinto mesmo agora? Sinto-me vivo, desperto, ligado – ou apático, cansado, indiferente?
Terceira pergunta: O que diz quem me rodeia? Se pessoas próximas dizem que mudaste – ouve pelo menos um pouco. Pode não ser verdade, mas vale a pena parar para pensar.
Se sentires que realmente algo mudou:
- Faz pausas. Mesmo uma semana pode mostrar muita coisa.
- Escreve um diário. Como me sinto com e sem? O que muda no meu pensamento?
- Fala. Com amigos, com serviços de apoio, com alguém que te leve a sério.
Não tens de largar tudo de repente. Mas podes começar a olhar de forma consciente. E, se for preciso, pedir ajuda antes de te perderes demasiado.
Conclusão – mais real do que pensas
Cannabis não é uma droga demoníaca. Mas também não é um relaxante inofensivo para qualquer pessoa, a qualquer momento. Tem efeito – e pode mudar-te.
Não em todos. Nem sempre de imediato. Mas muitas vezes de forma subtil. E por vezes profundamente.
Se sentires que já não és bem tu – ou alguém importante para ti mudou de forma notória – então isso é relevante. Não é um drama, não é o fim do mundo. Mas é algo que merece atenção.
A personalidade não é algo que se troca de um dia para o outro. E quem a quer proteger pode, de vez em quando, perguntar: Ainda sou eu – ou já é a erva?
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